VOCÊ PODE AJUDAR O BLOG: OFERTE PARA assis.shalom@gmail.com

UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Em 2024, Estará disponível também o comentário da revista de jovens, na mesma qualidade que você já conhece, para você aprofundar sua fé e fazer a diferença.

Classe Virtual:

SEJA MANTENEDOR!

Esse trabalho permanece disponível de forma gratuita, e permanecerá assim, contando com o apoio de todos que se utilizam do nosso material. É muito fácil nos apoiar, pelo PIX: assis.shalom@gmail.com – Mande-me o comprovante, quero agradecer-lhe e orar por você (83) 9 8730-1186 (WhatsApp)
A fim de abençoar meus leitores e seguidores com um pouco mais de conteúdo, com profundidade, clareza e biblicidade, iniciarei uma Pós-Graduação em Teologia Bíblica e Exegética do Novo Testamento, pela Faculdade Internacional Cidade Viva. O curso terá duração de 14 meses. Como sabem, é necessário a aquisição de livros e material afim, o que exige investimentos. Aqui, desejo contar com fiéis colaboradores! Peço gentilmente sua colaboração nesse intuito, enviando sua ajuda para assis.shalom@gmail.com. Deus em Cristo retribua. “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo” (Cl 3:23-24).

14 de janeiro de 2018

Lição 3: A Superioridade de Jesus em relação a Moisés



Material de apoio gratuito aos professores e alunos de escola dominical
Plano de aula preparado por Francisco Barbosa. Pode ser baixado e usado como desejar.
- Estamos mudando para nos adaptar às normas da ABNT -

A CPAD publicou uma ERRATA relativa a lição 3 de adultos referente à diagramação da Revista feita pela Editora. O problema está nos dois últimos pontos do terceiro tópico, são os mesmos da lição 3 da revista do trimestre passado. 
Este comentário está com o conteúdo correto.

Lição 3
21 de Janeiro de 2018
A Superioridade de Jesus em relação a Moisés

Comentário
   INTRODUÇÃO

O autor dá início ao capítulo três fazendo um contraste entre Moisés e Cristo. Ele estava consciente da grande estima que seus compatriotas tinham pela figura do grande legislador hebreu, Moisés. Em nenhum momento desse contraste o autor deprecia a pessoa de Moisés, mas sempre o coloca como um homem fiel a Deus na execução de sua obra. Entretanto, mesmo tendo assumido a grande missão de conduzir o povo rumo à Terra Prometida, Moisés não poderia se equiparar a Jesus, o Autor da nossa fé. O contraste entre Moisés e Cristo é bem definido: Moisés é visto como um administrador da casa, Jesus como Edificador; Moisés é retratado como servo, Jesus como Filho; Moisés foi enviado em uma missão terrena, Jesus numa missão celestial, eterna. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

Como já exposto nas lições anteriores, os crentes hebreus estavam enfrentando um esfriamento na fé e pensando em abandonar a fé voltando ao judaísmo. Numa época  de intensa perseguição e dificuldade para os cristãos “… Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria” (At 8.1).
“[...]No capítulo 1 de Hebreus, o autor afirmou que Jesus é superior tanto aos outros profetas de Deus como aos anjos. Ele continua sua afirmação no capítulo três, observando que Jesus é superior até mesmo a Moisés! Os judeus tinham muito respeito por Moisés, porque ele recebeu a velha lei de Deus e o escritor de Hebreus reconhece sua fidelidade. Mas Jesus é superior até mesmo a Moisés, do mesmo modo que o construtor de uma casa tem mais honra do que a casa que ele constrói (3:3), assim como o filho do dono da casa é superior a um servo daquela casa (3:1-6). De fato, é sua casa! O escritor fala da igreja (3:6- “qual casa somos nós”; veja também 1 Timóteo 3:15). Mais tarde, no livro, o escritor estenderá este argumento da superioridade de Jesus, observando que sua aliança é também superior àquela dada através de Moisés (capítulos 9 e 10). (DVORAK. Allen, O Livro de Hebreus. ©1996. Estudo Textual: Hebreus 3:1-4:16 Um Descanso Permanece. Disponível em: https://www.estudosdabiblia.net/hebreus.htm#Hebreus 2:1-18. Acesso em 10 jan, 2018)
Pelo que, santos irmãos, participantes da vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus” (3.1). O autor utiliza um ‘Imperativo Afirmativo’ – ‘Considerai’, (“julgar; caracterizar determinada coisa”; “fazer julgamentos”; “Não desprezar; ter em conta”; “Respeitar; demonstrar respeito por”), para exortar  aqueles crentes para que fixem-se em Jesus; olhem para Jesus. Jesus Cristo é o alvo a ser alcançado, não deveriam olhar para trás. Jesus é superior à Moisés, é o Apóstolo, o enviado e pontífice da fé que professamos; Ele é o Sumo Sacerdote, Aquele que faz expiação por nós, que intercede diante de Deus em nosso favor. Julguem, não desprezem, demonstrem respeito por Aquele que cumprirá o nosso chamado “celestial”. Ele nos conduzirá para a glória (Hb 2.10). Vamos pensar maduramente a fé cristã?


   TÓPICO l - UMA TAREFA SUPERIOR

1. Uma vocação superior. O autor introduz a seção vv.1-6 tomando como ponto de partida o que havia dito anteriormente — Jesus era o autor e mediador da nossa salvação (Hb 2.14-18). Tomando por base esse conhecimento, seus leitores, a quem ele chama afetuosamente de irmãos santos, deveriam ficar atentos ao que seria dito agora (Hb 3.1). Eles não eram apenas um povo nômade pelo deserto escaldante à procura da Terra Prometida, mas herdeiros de uma vocação celestial. Eles deveriam se lembrar de quem os fez aptos e idôneos dessa vocação. Nesse aspecto, os leitores de Hebreus não deveriam ter dúvida alguma de que Jesus, como Aquele que os conduzia ao destino eterno, era em tudo superior a Moisés, a quem coube a missão de conduzir o povo à Canaã terrena. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

Moisés foi o líder durante toda a peregrinação de Israel no deserto por 40 anos. Nos relatos de Êxodo e Deuteronômio podemos ver a dureza de coração e a incredulidade do povo de Israel, que mesmo experimentado portentosas demonstrações de poder de Yahweh, quando graciosamente foram libertos sob Moisés, com sinais e prodígios (pragas e abertura do Mar Vermelho), não hesitavam em olhar para traz e pecar contra Deus. Moisés liderou esse povo de ‘dura cerviz’ ao Monte Sinai onde Deus lhes deu a Lei com grandes demonstrações de poder (fogo, trovões, sonido), e do Sinai, levou-os à entrada da terra prometida. O autor da carta aos Hebreus destaca a fidelidade de Moisés na condução do povo bem como para com Deus, mas como servo. Agora, ele nos faz ver que Cristo é superior a Moisés, porque ele é Filho, o Filho de Deus, o Criador de todas as coisas. O Novo Testamento está recheado de referências falando sobre que Cristo é efetivamente Filho de Deus. Aliás, ele é o Filho Unigênito de Deus em essência, porque não foi gerado por um homem, mas pelo Espírito Santo de Deus.
DA ESPERANÇA ATÉ O FIM. O evangelho nos ensina que somos salvo em esperança, e isso nos faz olhar para o futuro e com plena fé ter a certeza que Cristo nos levará para si mesmo (João 14:2-3). O segredo não está em simplesmente levantar a mão aceitando a Cristo como Salvador, mas sim, em tê-lo aceito como Senhor, porque quem aceita a Cristo como Senhor, não faz mais a sua própria vontade, mas a vontade soberana de Deus.(COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO Versículo Por Versículo, Hebreus 3.6. Disponível em: http://comentarionovotestamento.blogspot.com.br/2017/03/hebreus-36.html. Acesso em 6 jan, 2018)


2. Uma missão superior. O autor pela primeira vez usa a palavra apóstolo em relação a Jesus (Hb 3.1). A palavra apóstolo se refere a alguém que é comissionado como um representante autorizado. Não havia dúvida de que Moisés havia sido um enviado de Deus em uma missão, todavia, ele não foi o "apóstolo da grande salvação". A missão de Moisés foi tirar o povo de dentro do Egito e conduzi-lo à Terra Prometida, mas a missão de Jesus é a de conduzir a Igreja à Canaã celestial. A missão mosaica era daqui, a Canaã terrena; a missão de Jesus possuía uma vocação celestial. Cristo não foi apenas um enviado em uma missão, mas acima de tudo, o apóstolo da nossa confissão, alguém com autoridade na missão de nos conduzir ao destino eterno. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

O capítulo três começa chamando nossa atenção para os papéis de Jesus como Apóstolo e Sumo Sacerdote. Apóstolo é uma palavra grega que significa aquele que é enviado, mensageiro ou embaixador. Aquele que representa a quem o enviou. Este título é aplicado a Cristo somente neste lugar no Novo Testamento, e enfatiza o fiel cumprimento da missão que o Pai lhe deu (veja o versículo 2; 10.5-16; Jo 6.38). O capítulo 4 termina encorajando o cristão a conservar-se firme na sua confissão e apelar para seu Sumo Sacerdote, por auxílio no tempo da necessidade (4:14-16).
Com referência a Nm 12.7Moisés e Cristo são comparados quanto à finalidade e contrastados quanto à honra. Embora privilegiado para falar face a face com Deus e ver a sua forma (Nm 12.8), Moisés era apenas um     ‘servo’ na casa de Deus (v. 5). Cristo, porém, como agente da Criação (1.2,10), merece a honra como o Construtor divino de todas as coisas e ‘como Filho, em sua casa’ (v. 6).” (Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Nota textual Hebreus 3.2-6. Pág. 1466.)
Assim, é garantida nossa chegada à Canaã Celestial, pois Cristo não foi apenas o enviado com uma missão, mas o enviado para a religião cristã! ‘Confissão’ em 3.1 é uma metonímia, a coisa professada, isto é, Jesus a quem professamos. Hebreus 4.14 tem um uso semelhante da palavra, porque os leitores são ordenados a conservarem firme a sua confissão, mais uma vez com referência a Jesus como Sumo Sacerdote.


3. Uma mediação superior. Depois de afirmar que Jesus era "o apóstolo", o autor também diz que Ele é o "sumo sacerdote da nossa confissão". Jesus era superior a Moisés, não apenas em relação à missão, mas também em relação à função que exercia. O autor fará um contraste mais detalhado entre o sacerdócio de Cristo e o araônico mais adiante, mas aqui os crentes deveriam ter em mente que a mediação de Jesus era em tudo superior ao sistema mosaico e levítico. Cristo era o mediador da nossa confissão. A palavra "confissão" traduz o termo original homoiogia, que tem o sentido primeiro de "concordância". Quando confessamos Jesus como Salvador, concordamos que Ele em tudo tem a primazia. Ele é o Senhor. Ele é maior do que tudo e do que todos; Ele, e somente Ele, é a razão do nosso viver. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

O autor chama a Cristo de Sumo Sacerdote e o compara ao sumo sacerdote judeu, por ter se oferecido a si mesmo como o sacrifício pelos pecados (Hb 9.7, 11, 12). Cristo é Sumo Sacerdote de acordo com a ordem de Melquisedeque, (Cap. 5 e 6), e no capítulo 7, o autor explica por que Jesus não pertence à ordem Aarônica e sim à ordem segundo Melquisedeque. O Antigo Testamento esclarece o ofício de um sumo sacerdote como representante dos homens, entrando na presença do Senhor para oferecer sangue em benefício dos pecadores.
“De conformidade com o propósito do escritor de Hebreus, Jesus é apresentado como um sumo sacerdote superior aos sacerdotes levitas. Os sumos sacerdotes do Velho Testamento, oferecendo sangue pelos pecados do povo, eram, eles mesmos, realmente pecadores (Hb 5.1-3; 7.26-27). Antes que o sumo sacerdote pudesse fazer intercessão pelo povo no Dia da Expiação, ele tinha que oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. Jesus, contudo, ainda que tentado, era sem pecado (Hb 2.18;4.15;7.26). Ainda mais, Jesus não fica impedido pela morte em seu serviço como sumo sacerdote. Os sacerdotes do Velho Testamento, sendo homens, morriam e o serviço de sumo sacerdote era passado ao próximo homem apontado pelo mandamento da Lei de Moisés. Jesus vive para sempre e é assim capaz de continuar com seu serviço sacerdotal tanto tempo quanto for necessário (Hb 7.23-25). Até mesmo o local do seu serviço é superior, sendo um tabernáculo celestial em vez de um físico. Jesus pode entrar na presença de Deus sem uma nuvem de incenso para protegê-lo porque ele não tem pecado. Obviamente, o serviço sacerdotal de Jesus é superior em outro ponto importantíssimo. Jesus não ofereceu diante de Deus o sangue de um animal, um sacrifício inadequado para o perdão (Hb 10.4). Em vez disso, ele ofereceu seu próprio sangue, assim tornando-se tanto o sacerdote como o sacrifício (Hb 9.11-12, 28)! Pelo fato de seu sacrifício ter sido adequado para o perdão dos pecados, precisou ser feito somente uma vez, em contraste com os sacrifícios dos sacerdotes do Velho Testamento, que eram oferecidos ano após ano (Hb 9.12,24-28;10.10-14). No tabernáculo e no templo do Velho Testamento, somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos, uma vez por ano, sempre com sangue como oferenda pelo pecado. Agora, contudo, o caminho para o Santo dos Santos celestial está aberto por causa da obra sacrifical de Jesus. Deus mostrou o significado da morte de Jesus rasgando o véu que separava o Santo dos Santos do Santo Lugar quando Jesus morreu (Mt 27.51). O privilégio de entrar e habitar na presença de Deus no céu está disponível a todos através do sangue de Jesus Cristo (Hb 10.19-22). Assim como Jesus em sua pureza entrou na presença de Deus, também podemos entrar na presença de Deus purificados pelo sangue de Jesus Cristo. Deus seja louvado por esta maravilhosa esperança!((DVORAK. Allen, Jesus: Perfeito Sumo Sacerdote. Disponível em: https://www.estudosdabiblia.net/d48.htm. Acesso em 6 jan, 2018)


   TÓPICO II - UMA AUTORIDADE SUPERIOR

1. Construtor, não apenas administrador. O autor destaca que tanto Moisés como Jesus foram fiéis na "casa de Deus" (Hb 3.2). Eles foram fiéis na missão que lhes foram confiada. Isso mostra o apreço que o autor possuía pelo legislador hebreu. Todavia, ao se referir a Jesus, o autor usa a palavra grega aksioô, traduzida como "digno", "valor", "mérito". Duas coisas precisam ser destacadas no uso desse vocábulo pelo autor. Primeiramente ele quer mostrar que o mérito de Jesus era maior do que o de Moisés. Nosso Senhor era o construtor do edifício, da casa de Deus, e não apenas o mordomo, como fora Moisés. Os crentes precisavam enxergar isso e, assim, valorizarem mais a sua salvação. Por outro lado, ao usar o pretérito perfeito (tempo verbal grego), ele demonstra que a glória de Moisés era desvanecente, enquanto a de Jesus era permanente. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

A comparação é ressaltada pela declaração de que aquele que estabeleceu a casa é maior do que a própria casa. Há duas interpretações para quem seja o ‘construtor’. A primeira afirma que é Jesus, já que Ele está sendo comparado à Moisés, neste caso, a comparação é entre Jesus, o edificador da casa, e Moisés, a casa que Ele edificou. Uma segunda interpretação identifica Deus como o edificador, o que é apoiado pelo v. 4.
 A implicação necessária é que Jesus é o construtor da casa e, portanto, que ele é divino (v. 4). Este texto indica tanto a identidade de Crsito como Deus (‘que a estabeleceu’) quanto a sua distinção pessoal do Pai (v. 6)”. (Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Nota textual Hebreus 3.2-6. Pág. 1466.)
Talvez haja aqui a idéia de Jesus Cristo como Fundador da Sua casa, a igreja. Ainda que, não é o caso fazermos nenhuma distinção entre o Pai e o Filho aqui, porque é Deus quem funda Sua própria casa, mas o faz através do Seu Filho.
Deve ser notado que a combinação de glória e honra neste versículo corresponde não somente à citação do Salmo 8 em 2.7, como também ao louvor ao Cordeiro pelos seres viventes em Apocalipse 5.12-13 (cf. também Ap 4.9, 11; 7.12). Mesmo assim, no presente versículo “glória” é aplicada às pessoas e “honra” à casa e ao edificador, presumivelmente porque “glória” seria uma idéia menos apropriada a aplicar a uma construção ou ao seu construto.(GUTHRIE, Donald.Hebreus introdução e comentário – Ed Vida Nova e Mundo Cristão. Disponível em: https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf. Acesso em 6 jan, 2018)

2. Filho, não apenas servo. O autor sabe da grande estima que Moisés possuía dentro da comunidade judaico-cristã e por isso é extremamente cuidadoso no uso das palavras. “E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim” (Hb 3.5,6). Em vez de usar o termo doulos (servo), vocábulo usado para se referir a um escravo ou serviçal, ele usa outro vocábulo, therápôn. Essa palavra só aparece aqui no Novo Testamento e é traduzida como servo ou ministro. A ideia expressa é de um serviço que é prestado de forma voluntária entre duas pessoas que se relacionam bem. Assim era Moisés com o seu Deus. Mas o autor deixa claro que esse relacionamento de Moisés com Deus não podia se equiparar ao de Deus com o seu Filho, Jesus. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

Outra linha de argumento agora é introduzida para reforçar a posição superior de Cristo sobre Moisés — a diferença entre um Filho e um servo.33 Mais uma vez, a fidelidade de Moisés é enfatizada de uma maneira que sugere nada mais de que um servo. A palavra traduzida “servo” aqui não é o teimo usual doulos que é usado noutras partes do Novo Testamento, mas, sim, therapôn que ocorre somente aqui. Refere-se a um “serviço pessoal prestado gratuitamente. É uma palavra de mais ternura do que doulos e não subentende as implicações de servilidade desta última palavra. Mesmo assim, o assistente pessoal não pode compartilhar da mesma categoria do Filho. No caso de Moisés, o servo tinha uma tarefa importante a realizar, para dar testemunho do que havia de se seguir. Noutras palavras, aquilo que Moisés representa na história judaica não é completo em si mesmo. Apontava para o futuro, para uma revelação mais plena de Deus num tempo posterior, i.é, diz respeito a coisas que haviam de ser anunciadas, expressão esta que deve indicar o tempo de Cristo. A missão do servo, por mais grandiosa que fosse, prepara o caminho para a missão muito maior do Filho.
A fidelidade de Cristo é repetida para ressaltar sua superioridade à de Moisés, em virtude da Sua Filiação. Como Filho ecoa o tema principal da parte inicial da Epístola. O escritor está impressionado pelo pensamento de que nosso Sumo Sacerdote não é outro senão o Filho de Deus. Isto ficará evidente em vários momentos no desenvolvimento da sua discussão. Para ele, a Filiação de Jesus acrescenta dignidade incomparável ao ofício sumo-sacerdotal. (GUTHRIE, Donald. A Carta aos Hebreus - Introdução e Comentário por - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão. Disponível em: https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf. Acesso em 6 jan, 2018).


3. Uma igreja, não apenas tabernáculo. Alguns autores entendem que a expressão “casa de Deus” usada em relação a Moisés pode se referir ao tabernáculo como centro do culto mosaico no deserto, enquanto outros veem como uma referência à antiga congregação do povo de Deus do êxodo. Em todo caso, a ideia gira em torno do povo de Deus que adora na Antiga Aliança. Moisés foi um ministro de Deus no culto da congregação do deserto. Mas Jesus, como Filho é o ministro da Igreja, o povo de Deus na Nova Aliança, “a qual casa somos nós” (Hb 3.6). (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

Enquanto ainda pensa na casa de Deus, fica sendo mais específico e identifica seus leitores com a casa, mas estabelece uma condição ao assim fazer: se guardamos firme até ao fim a ousadia e a exultação da esperança. As declarações condicionais nesta Epístola são significantes. O escritor deseja tomar claro que somente aqueles que são coerentes com aquilo que professam têm qualquer direito de fazer parte da “casa”. A palavra traduzida “ousadia” ou “confiança” (parrèsia) é outra idéia característica nesta Epístola. Aqui a implicação é que temos uma certeza sólida à qual podemos apegar-nos. A palavra neotestamentária para “esperança” é muito mais enfática do que o uso normal em português, onde quase não significa mais do que um piedoso desejo que talvez não tenha base real nos fatos. Tal tipo de esperança dificilmente forneceria uma base satisfatória para a exultação. Ninguém vai exultar numa coisa que não tem certeza de que irá acontecer. O escritor está suficientemente convicto da certeza da esperança cristã para usar uma expressão enfática (tokauchéma, jactância exultante) para descrever a atitude do cristão para com ela. Vale notar que a ousadia da qual aqui se fala é referida outra vez no fim da discussão teológica e no começo da aplicação (cf. 10.19). A mesma idéia de “guardar firme” que é usada aqui ocorre lá na forma de uma exortação. (GUTHRIE, Donald. A Carta aos Hebreus - Introdução e Comentário por - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão. Disponível em: https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf. Acesso em 6 jan, 2018).

   TÓPICO III - UM DISCURSO SUPERIOR

1. O perigo de ouvir, mas não atender. Seguindo a redação da Septuaginta (tradução grega da Bíblia Hebraica), o autor cita o Salmo 95.7-11 para trazer uma série de advertências. Se o povo de Deus no Antigo Pacto precisou ser exortado, maior exortação precisava os que tinham maiores promessas. Primeiramente havia o perigo de ouvir e não atender (Hb 3.7,8). No passado, o povo de Deus tinha ouvido a mensagem divina; entendido, mas não atendido! O mesmo erro estava se repetindo. O Espírito Santo, falando profeticamente pela boca do salmista, advertia os o leitores para que seus corações não se endurecessem. É um apelo atual, porque o povo de Deus muitas vezes demonstra ser tardio para ouvir. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

O autor agora cita o Salmo 95.7-11 e passa a usar numerosas citações e alusões breves a fim de permanecer dentro do alvo de sua exposição e advertir para ‘não endurecer o coração’. o Salmo 95.7 diz: “pois ele é o nosso Deus, e nós somos o povo do seu pastoreio, o rebanho que ele conduz” que se enquadra bem no conceito cristão da igreja como o rebanho de Deus. Mas a exortação subseqüente contra a imitação do exemplo dos israelitas introduz uma nota severa de advertência.


2. O perigo de ver, mas não crer. "[...] E viram, por quarenta anos, as minhas obras" (Hb 3.9). Erra quem pensa que só acredita quem vê. Parece que quem muito vê, menos acredita. Acaba ficando acostumado com o sobrenatural. Para algumas pessoas o sobrenatural se "naturaliza". É exatamente isso que aconteceu no deserto e era especificamente isso que acontecera com a comunidade dos primeiros leitores de Hebreus. Tanto Moisés como Jesus foram poderosos em obras, mas isso não era suficiente para segurar os crentes. É preocupante quando o cristão se acostuma com o sobrenatural e nada mais parece impactá-lo ou sensibilizá-lo. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

No texto de 3.9 temos uma descrição da desobediência de Israel para lembra-nos contra a doção de uma atitude fixa de desobediência a Deus.
Estas foram duas ocasiões clássicas que se destacam na história de Israel como ocorrências de rebelião contra Deus. A palavra usada para rebelião (parapikrasmos) ocorre no Novo Testamento somente aqui e no v. 15, e vem da raiz pikros (“amargo”); pode ter sido sugerida pelo incidente em Meribá, onde a água foi achada amarga. Parece ter sua origem na própria Septuaginta, para expressar de modo deliberado a provocação contra Deus. Deve ser distinguida da palavra paralela em SI 95.10 (ARA desgostado), que significa “ter nojo de, aborrecer,” MM).(GUTHRIE, Donald.Hebreus introdução e comentário – Ed Vida Nova e Mundo Cristão. Disponível em: https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf. Acesso em 6 jan, 2018)
E o Senhor disse a Moisés: ‘Até quando este povo me tratará com pouco caso? Até quando se recusará a crer em mim, apesar de todos os sinais que realizei entre eles? Eu os ferirei com praga e os destruirei…” (Nm 14.11-12). Deus estava realizando no meio dos israelitas diversos sinais miraculosos, desde que os tirou do Egito, e, mesmo assim, eles duvidaram do poder de Deus de conduzi-los à Canaã. Em consequência da incredulidade, infidelidade e desobediência do povo, Deus fez com que eles levassem 40 anos para atravessar o deserto, até que aquela geração que saiu do Egito perecesse. Por causa da sua incredulidade, apenas dois entraram na Terra Prometida: Calebe e Josué. Isso nos serve de lição: Não devemos duvidar da fidelidade e do poder de Deus.

3. O perigo de começar, mas não terminar. "Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos" (Hb 3.10b). Com essas palavras o autor mostra o perigo de começar, mas não chegar; de andar, mas se desviar. Alguns do antigo povo de Deus haviam começado bem, mas terminado mal. Muitos caíram pelo caminho, desistiram da estrada. O mesmo risco estava ocorrendo com os cristãos neotestamentários — haviam começado bem, mas corriam o risco de caírem e perderem a fé. Esse alerta é para nós hoje! Como está a tua fé? (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

A ignorância dos caminhos de Deus naturalmente leva as pessoas a desviar-se deles. O inverso também é verdade, quando em um estado endurecido de mente torna-se impenetrável à voz de Deus e leva à ignorância cada vez maior dos Seus caminhos, não porque Deus não os faça conhecidos, mas, sim, porque a mente endurecida não tem disposição alguma para escutar. O que era verdadeiro para os israelitas é um comentário sobre todos aqueles que resistem às reivindicações de Deus. O verdadeiro cristianismo é demonstrado pela perseverança, pela confiança contínua em Cristo e pela lealdade para com aquele que é a nossa esperança (cf. Cl 1.27). Não é aquele que diz que pertence à casa de Deus que é verdadeiramente salvo, mas sim aquele que permanece crendo até o fim.


   CONCLUSÃO

Ao mostrar a superioridade de Jesus sobre Moisés, o autor da Carta aos Hebreus não tencionava exaltar o primeiro e desprezar o segundo, mas pôr em relevo a obra do Calvário, bem como esclarecer como os crentes devem valorizá-la. Ora, se Moisés que não era divino, que não se deu sacrificalmente em lugar de ninguém, merecia ser ouvido, então por que Jesus, o Filho do Deus bendito, Senhor da Igreja e superior aos anjos, não merecia reconhecimento ainda maior? (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)

Para concluir, quero ir um pouco mais longe do que o fechamento do comentarista. Gostaria de refletir em Números 20, a partir do versículo 8, e aplicar as lições do deserto de Zim, para entendermos ainda melhor a superioridade de Cristo em relação à Moisés. Depois de muitas lutas e sofrimentos, Moisés não pôde entrar na terra prometida, e o motivo foi a sua desobediência e, pasmem, sua falta de fé (Nm 20.12; Dt 32.51). A ordem era falar à rocha e não feri-la. Aquela rocha era um símbolo de Jesus; no sermão da montanha, Jesus é a rocha sobre a qual o homem prudente edifica sua casa (Mt 7.24-25). Moisés acabou extrapolando sua autoridade e tomou para ele a glória da água da rocha, porque ele disse ao povo: “Porventura tiraremos água desta rocha para vós?” Com esta expressão egoísta (“tiraremos”), e uma dúvida (“porventura”), temos uma ausência total da glória devida a Deus! Por tudo isto, o Filho é superior ao servo – apesar de ferido, injuriado, injustiçado, deu-se sacrificialmente em lugar do povo...

“... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Janeiro de 2018