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21 de maio de 2018

Lição 9: Ética Cristã e Planejamento Familiar


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - ADULTOS
2º Trimestre de 2018
Título: Valores cristãos — Enfrentando as questões morais de nosso tempo
Comentarista: Douglas Baptista

Lição 9
27 de Maio de 2018
Ética Cristã e Planejamento Familiar

Texto Áureo

Verdade Prática
“Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre, o seu galardão” (Sl 127.3).

Gerar filhos, ou não, não é só uma questão de planejamento familiar, mas um encargo que abrange a obediência aos desígnios divinos para a família.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Almeida Corrigida e Revisada Fiel
Gênesis 1.24-31.
24 E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis, e bestas-feras da terra conforme a sua espécie. E assim foi.
25 E fez Deus as bestas-feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom.
26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27 E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28 E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
29 E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento.
30 E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes será para mantimento. E assim foi.
31 E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã: o dia sexto.


Comentário
   INTRODUÇÃO

O casamento, no plano divino, pressupõe o nascimento de filhos. Nele, estão inseridos a criação dos filhos, o sustento deles e todo o cuidado indispensável para o desenvolvimento humano. Por conseguinte, dentre outros deveres do casal, o planejamento familiar é importantíssimo. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)

Há numerosas áreas de complexidade moral que confrontam o cristão. Embora a ética cristã básica seja bastante simples (o amor), muitas vezes é bem difícil de ser aplicada. Os assuntos de controle da natalidade e do aborto são exemplos-chaves das dificuldades”. (Norman Geisler, Ética Cristã, p. 180). Para o cristão, ter ou não ter filhos, não é apenas uma questão biológica, mas uma decisão que envolve fé, amor e obediência aos princípios de Deus para a família. A Palavra de Deus é o nosso supremo guia quanto à verdade e norma de vida; é o único e suficiente guia para julgar aquilo que cremos e fazemos. Considerando isto, um casal cristão tem o dever de planejar sua vida sexual de tal modo que possam gerar filhos e estes sejam desejados como dádiva divina. O mandamento de gerar descendentes é muito abrangente e inclui a responsabilidade de providenciar as necessidades físicas, emocionais, intelectuais e espirituais dos filhos. Embora entendamos que o poder de planejar, reconhecemos que o controle final não pertence ao homem, assim como todos os outros setores da vida, está subordinado à vontade divina. “Tanto a concepção irresponsável de filhos até o limite da capacidade biológica da mulher, como a limitação egoísta do número de filhos, são ambos igualmente condenáveis.” (Prof. Arnaldo J. Schmidt). Dito isto, convido-o a pensarmos maduramente a fé cristã!

   TÓPICO l - O CONCEITO GERAL DE PLANEJAMENTO FAMILIAR

1. Controle de natalidade. Não é planejamento familiar, mas procedimentos de políticas demográficas com o objetivo de diminuir ou até mesmo impedir o nascimento de crianças. Tais medidas são adotadas pelos governos totalitários para refrear o aumento da população de um país. Nesse caso, regular o número dos filhos é visto como solução para erradicar os níveis de pobreza, bem como alternativa para a preservação do meio ambiente e o melhor uso dos recursos naturais. Por ordem do Estado o número de filhos é limitado à revelia da vontade dos pais. Para esse fim são utilizados métodos contraceptivos e até a esterilização permanente. Em países totalitários ocorrem denúncias do uso do aborto, e até do infanticídio, como soluções para o controle de natalidade. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)

Há de se diferenciar ‘controle de natalidade’ e ‘planejamento familiar’. O primeiro podemos definir como de aspecto político com fins de redução do tamanho da família e controle populacional. Para isto, são desenvolvidas políticas direcionadas aos países em desenvolvimento, com vistas a frear seu crescimento demográfico, que compreende políticas que terão como contrapartida toda e qualquer técnica contraceptiva e abortiva para frear o crescimento populacional.
Essa ideia de utilizar o controle de natalidade como método de diminuir os nascimentos, vem das teorias malthusiana e neomalthusiana, teorias demográficas que analisam o alto índice populacional de um país como o fator principal de seu baixo desenvolvimento econômico, colocando em vista que os países com maiores índices de desenvolvimento econômico tem baixo crescimento populacional, e conseguem esse fato a partir da utilização dos controles de natalidade(Wellington Souza Silva. ‘Controle de natalidade’. Disponível em: https://www.infoescola.com/geografia/controle-de-natalidade/. Acesso em: 21 maio, 2018).Leia mais aqui.
Como exemplo de pais que adotou esta política durante décadas com fins de controle populacional, a República Popular da China (país que tem a maior população do mundo, com mais de 1 300 000 000 de habitantes) adotou a ‘Política do Filho Único’, regulamentando por lei que os casais não podem ter mais do que um filho, penalizando caso tenham um segundo filho, ou mais, tendo como objetivo facilitar o acesso da população do país a um sistema de saúde e educação de qualidade. Essa política vigorou de 1970 até 2015, em outubro de 2015, no entanto, o governo chinês aboliu a lei por conta do envelhecimento da população, ao passar a permitir até dois filhos por família. Leia mais aqui.

2. Planejamento familiar. Diferente do “controle de natalidade”, que consiste em evitar o nascimento dos filhos por meio do controle estatal, a proposta do “planejamento familiar” é a de instituir a paternidade-maternidade responsável. Trata-se de uma decisão voluntária e sensata por parte dos pais quanto ao número de filhos que possam ter com dignidade. No planejamento familiar fatores diversos são analisados, tais como: a saúde dos pais, as condições da família (renda, moradia, alimentação), o espaçamento de tempo entre uma e outra gestação. No contexto cristão, quanto ao número de filhos, o casal deve buscar orientação divina por meio da oração, submeter-se à direção do Espírito Santo e levar em conta o bom senso (Rm 14.21-23). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)


Por planejamento familiar ou planeamento familiar, entende-se o conjunto de ações que têm, como finalidade, contribuir para a saúde da mulher e da criança, permitindo, às mulheres e aos homens, escolher quando querem ter um filho, o número de filhos que querem ter, o espaçamento entre o nascimento dos filhos e o tipo de educação, conforto, qualidade de vida e condições sociais e culturais que seus filhos terão” (WIKIPÉDIA). Com o Planejamento familiar intenciona-se controlar o número de filhos e o intervalo entre gestações com o objetivo de garantir o bem estar tanto da criança como do casal. Nesse aspecto, não há nada de errado para o casal cristão, aliás, é uma atitude louvável, sensata e digna; cabe apenas ressaltar que o planejamento é humano mas cabe à Deus, em sua sublime soberania, a consecução do planejado.
Não se deve concluir que, porque alguns usos do controle da natalidade são egoístas todos são egoístas. Na realidade, há várias situações em que o controle da natalidade pode ser a coisa altruísta ou certa para se fazer. (1) Por exemplo, adiar a família até que se possa cuidar dela melhor pode ser uma ação muito sábia e altruísta. Se razões psicológicas, econômicas, ou educacionais indicassem um tempo futuro melhor para a família, então não será moralmente errado esperar. Para a maioria dos casais que se casam na idade usual, algum programa de limitação artificial da família é uma necessidade emocional e económica. (2) Além disto, se o controle da natalidade pode ser usado para limitar o tamanho da família conforme a capacidade dos pais de prover para ela, então a pessoa não peca. As Escrituras conclamam o homem a prover pelos seus (1 Tm 5:8) e planejar para o futuro. “Pois, qual de vós,” disse Jesus, “pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?” (Lc 14:28). E quem argumentaria que uma família não é mais importante do que uma torre? (3) Além disto, refrear-se de ter filhos por razões da saúde (física ou mental) não é errado como tal. Na realidade, será errado trazer filhos para o mundo se fosse destrutivo para os pais e/ou as condições fossem destrutivas para os filhos. (4) Finalmente, não é errado evitar ter filhos por algum propósito moral superior tal como Jesus se referiu em Mateus 19:12. Os homens podem dedicar-se voluntariamente ao celibato, ou passar sem filhos em prol do reino de Deus. Enquanto a espécie não estiver sendo ameaçada pela sua abstenção e enquanto a sua dedicação for para o bem dos outros, não é errado usar o controle da natalidade para evitar terem seus próprios filhos. Há, na realidade, algumas vocações e chamadas legítimas e necessárias na vida, para as quais uma família seria uma desvantagem, mas uma esposa seria uma ajuda.(‘O cristão, o controle da natalidade e o aborto’. Disponível em: http://www.cacp.org.br/o-cristao-o-controle-da-natalidade-e-o-aborto/. Acesso em: 21 maio, 2018)

   TÓPICO II - O QUE AS ESCRITURAS DIZEM SOBRE O PLANEJAMENTO FAMILIAR

O planejamento familiar, desde que não seja feito por meio de aborto e meios abortivos, não contraria a Palavra de Deus.

1. A família e a procriação da espécie. Após criar o primeiro casal. Deus o abençoou e disse: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 1.28). Nesse primeiro mandamento, o Senhor requereu a reprodução do gênero humano. Após o dilúvio, Noé e seus filhos também receberam o mesmo mandamento acerca da procriação: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 9.1). Note que essa é uma ordem universal direcionada às gerações pré e pós-diluviana. Repare que Deus não especificou qual seria o fator multiplicador nem quantos filhos deveriam ser gerados por cada família. Além disso, o propósito do mandamento é único: homens e mulheres devem se reproduzir para “encher a terra”. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)

Nos textos citados há a ordenança de procriar e encher a terra, recebidos tanto por Adão quanto por Noé, neste último caso, Noé e seus filhos. Mas obviamente, o propósito do sexo na vida conjugal não é apenas o de procriar; como entendemos de textos como Gênesis 2.24 e Efésios 5.31, mas também tem propósitos de unificação e de recreação, pois o casamento é mais do que procriar – se não, não seria utilizado para representar a união mística de Cristo com a Igreja (Ef 5.25). É uma união sem correspondentes, em que duas pessoas compartilham mutuamente as experiências da vida num romance permanente (Gn 29.18 e 20; 35.19,20; Ef 5.25), numa aliança irrevogável( Mt 5.32), e nutrido nos princípios práticos do amor, não em sentimentos (1Co 13).
O sexo é um dos meios de encorajar e enriquecer aquela união. Além disto, o sexo é um prazer que valoriza a união num tipo de reencenação recreacional da grande felicidade do primeiro amor conjugal. Logo, o sexo cumpre pelo menos dois propósitos além de gerar filhos. E se Deus pretende que o sexo unifique e satisfaça, além de multiplicar, logo, não há razão porque alguma forma de controle de nascimento não possa ser exercida a fim de promover estes outros propósitos do casamento, sem produzir filhos.(‘O cristão, o controle da natalidade e o aborto’. Disponível em: http://www.cacp.org.br/o-cristao-o-controle-da-natalidade-e-o-aborto/. Acesso em: 21 maio, 2018)
No entanto, a procriação está restrita ao casamento, é o limitador. Não há permissão para o homem ou a mulher procriarem fora do relacionamento conjugal. Isso, pela misericórdia divina, para poupar o homem/mulher do sofrimento e de toda a carga de responsabilidade que um filho traz. Por isso, a melhor situação para a geração de filhos, é dentro do casamento. E é no ápice desta comunhão conjugal que o filho é concebido, o filho não é somente a carne e o sangue do casal, mas, principalmente, o fruto do seu amor. Nesse sentido, Paulo escreve que “A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.” (1Co 7.4). Note que não está escrito que o corpo da namorada pertence ao namorado, nem que o corpo da noiva pertence ao noivo, aliás, a Bíblia nos diz que o sexo fora do casamento é imoral (Mt 15.19, 1Co 6.9, 6.13, 7.2, 2Co 12.21, Gl 5.19, Ef 5.3).

2. O planejamento familiar no Antigo Testamento. Na Antiga Aliança a fertilidade era vista como uma dádiva: “Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre, o seu galardão” (Sl 127.3). Neste contexto, ter muitos filhos era sinal de benevolência do Altíssimo e sinônimo de felicidade (Sl 127.5). A esterilidade era motivo de discriminação (1Sm 1.6,7), provocava desavenças (Gn 30.1,2) e era vista como vergonha (Gn 30.23). Em contraste a essa cultura, as esposas dos patriarcas foram estéreis e sofreram muito até que Deus lhes abriu a madre: Sara concebeu na velhice e gerou apenas um filho: Isaque (Gn 21.2); ao casar-se, durante vinte anos, Isaque orou pelo ventre de Rebeca e ela gerou dois filhos: Jacó e Esaú (Gn 25.21); Raquel, a esposa amada de Jacó, após anos de espera, também concebeu apenas dois filhos: José e Benjamim (Gn 35.24). Aqui, principalmente no caso dos patriarcas, podemos perceber a intervenção divina, bem como o fator de multiplicação, de família para família. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)
É interessante ver que na época do Antigo Testamento ter muitos filho era sinal da benevolência do Criador e que a falta de filhos era sinal da reprovação divina; logo, era desejo de toda mulher ser mãe de muitos filhos, e de preferência varões. No Antigo Testamento, não ter filhos era constrangedor (1Sm 1.15) e a mulher judia, que não gerava, logo dividiria seu marido com uma concubina (Gn 16.1-3.). Além do mais, devido às profecias, as mulheres judias esperavam por um messias. Elas ansiavam ser a mãe do Salvador. Elas tinham filhos na esperança de um messias (Is 7.14)
Sara, esposa do patriarca Abraão, sendo estéril, sentiu-se frustrada, recorreu a um ato desesperado oferecendo sua serva ao marido para que este tivesse um filho com ela, como sendo esse filho do casal. Isso resultou em sérias e perpétuas complicações, quando se considera que em Abraão e Sara estava implícita a linhagem do futuro Messias (Mt 1.1). Abraão, sentindo-se infrutífero quanto à sua descendência, disse ao Senhor: “Senhor Jeová, o que me hás de dar, pois ando sem filhos...” (Gn 15.2). Em resposta, o Senhor mandou que ele olhasse para as estrelas e lhe disse: “Assim será a tua semente...” (Gn 15.5; Ler Gn 17.15,16). b) Não ter filhos era sinal de infelicidade. Sendo Raquel estéril, disse a seu marido: “Dá-me filhos, senão morro” (Gn 30.1). Quando Deus abriu sua madre, ela exclamou: “Tirou-me Deus a minha vergonha” (Gn 30.23). Ana, mulher de Elcana, também é exemplo do sofrimento e amargura de uma mulher estéril (Ler 1 Sm 1.7,10,11,20). c) Ter família numerosa era sinal de bênção. Ana teve Samuel e mais cinco filhos (1 Sm 2.21). Os filhos eram considerados presentes ou prêmios da parte do Senhor, como diz o salmista: “Eis que os filhos são herança do Senhor e o fruto do ventre o seu galardão” (Sl 127.3). (Lições Bíblicas CPAD, Jovens e Adultos; 3º Trimestre de 2002. Título: Ética Cristã — Confrontando as questões morais. Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima; Lição 5: O cristão e o planejamento familiar, Data: 5 de Agosto de 2002)

3. O planejamento familiar no Novo Testamento. Na Nova Aliança a fertilidade também é exaltada. Ao visitar Maria e anunciar a sua gravidez, o anjo lhe disse: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1.28). Na mesma ocasião, ao contar para Maria acerca da gravidez de Isabel, o anjo enfatizou: “tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril” (Lc 1.36). Isabel gerou um único filho, João — o batista (Lc 1.59-60), e Maria, após o nascimento de Jesus, gerou ao menos quatro filhos e duas filhas (Mt 13.55,56). Repare, em ambos os casos, a intervenção divina, bem como a diferença no fator de multiplicação de uma casa para outra. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)

Não há diferença nesta questão entre o Antigo e o Novo concerto, em ambos permanece a idéia da concepção de filhos como graça divina, ter filhos sempre foi tido como uma bênção de Deus. Zacarias, esposo de Isabel, não tinha filhos, pois sua mulher era estéril. Deus enviou o anjo Gabriel para informar a este sacerdote de avançada idade que ele seria pai: “Terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento” (Lc 1.14). As crianças foram abençoadas por Jesus. Ele colocou um menino no meio das atenções (Mt 18.2,4); recebeu crianças trazidas pelos pais, toucou-lhes brandamente, abençoando-as (Lc 18.15-17). Cabe uma ressalva aqui, analisando o texto de Mateus 24.19, quando Jesus adverte: “ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias!” referindo-se às mulheres judias e seus filhos, que sofrerão o dano das escolhas erradas daquele povo, ou da rejeição de seu Messias (Leia mais aqui).

   TÓPICO III - ÉTICA CRISTÃ E O LIMITE DO NÚMERO DE FILHOS

1. A questão do fator de multiplicação. Quem se opõe ao planejamento familiar considera a limitação do número dos filhos uma desobediência ao mandamento de procriação (Gn 1.28). Por isso ensinam que a mulher deve gerar filhos indefinidamente. Contrariando essa ideia, a mulher não é fértil todos os dias. O Criador agraciou a mulher com apenas três dias férteis a cada mês, indicando que ela não tem o dever de gerar filhos a vida toda. Deus não estipulou qual deveria ser o número de filhos. Portanto, o mandamento de multiplicação é cumprido quando o casal gera um filho, pois eram duas pessoas e agora passaram a ser três. Deve-se também entender que a ordem de procriação é “geral” e não “específica”; ou seja, Deus ordenou a reprodução da raça humana, não a reprodução de cada pessoa. Do contrário, os solteiros e os viúvos (1Co 7.8), os eunucos (Mt 19.12) e os casados estéreis (Lc 23.29) estariam em pecado. E se fosse pecado não procriar, até a privação sexual voluntária, autorizada nas Escrituras, estaria em contradição (1Co 7.5). Desse modo, o fator de multiplicação depende da vontade do Senhor para cada família. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)

“No Novo Testamento, não há referência expressa a ter ou não muitos filhos. Mas os filhos são galardão do Senhor. “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão. Como flechas nas mãos do valente, assim são os filhos da mocidade” (Salmo 127.3). Para ter filhos, cremos que o casal deve orar muito, para que nasçam debaixo da bênção de Deus. E, para não tê-los, deve orar muito mais, para não contrariar a vontade de Deus. Devem ser considerados os fatores de saúde, alimentação e educação (espiritual e secular), pois não é justo que se tragam filhos ao mundo para vê-los subnutridos, mal-educados e malcuidados. Isso não é amor.
Orientação quanto à natalidade. Aspectos a serem considerados:
a) A vontade de Deus. De uma maneira geral, o casal, pela união sexual, poderá gerar filhos. É a vontade permissiva do Senhor. Como filhos de Deus, no entanto, devemos estar, acima de tudo, sujeitos à vontade diretiva do Senhor. Ele nos guia pelo seu Espírito (cf. Rm 8.14). “Para ter filhos, o cristão deve buscar, por fé, a direção de Deus e não apenas depender do instinto sexual”.
b) Alimentação, saúde e educação digna. Da concepção ao parto, o novo ser precisa ser bem alimentado, de modo a não desenvolver-se com deficiências orgânicas que ocasionam danos por toda a vida. Se um casal gera um filho doente, por subnutrição, ou doença da mãe, vai fazê-lo sofrer. Filhos mal educados tendem a se converter em pessoas prejudiciais à sociedade e, em escândalo para a igreja do Senhor. Isso não glorifica a Deus. Em 1 Timóteo 5.8, lemos: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1 Tm 5.8). Esse cuidado tem seu começo na gestação.
c) A abstenção permitida. A Bíblia admite a abstenção sexual do casal, “por mútuo consentimento”, para que ambos se dediquem melhor à oração, num período de tempo (1 Co 7.4,5)”. (Lições Bíblicas CPAD, Jovens e Adultos; 3º Trimestre de 2002. Título: Ética Cristã — Confrontando as questões morais. Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima; Lição 5: O cristão e o planejamento familiar, Data: 5 de Agosto de 2002)

2. A questão ética no planejamento familiar. Planejar não é pecado. Cristo falou positivamente do planejamento do construtor e do rei guerreiro (Lc 14.28-32). O pecado está na presunção em não pedir a aprovação divina para o projeto (Tg 4.13-15). O cristão deve aconselhar-se com Deus para tomar qualquer decisão (Tg 1.5; 1Jo 5.14). Nossas motivações devem ser apresentadas ao Senhor em oração e devem ser desprovidas de vaidade e de egoísmo (Tg 4.2,3). É vaidade a mulher não querer procriar para não alterar a beleza do corpo, bem como é egoísmo do homem não gerar filhos para fugir da responsabilidade. No entanto, postergar o nascimento dos filhos até que se possa cuidar melhor da família; limitar o número dos filhos para que se possa criá-los com dignidade e, espaçar o tempo de nascimento entre um e outro filho para melhor acolher mais uma criança, não são pecados, pois as Escrituras ensinam que o homem deve cuidar bem de sua família (1Tm 5.8). Para tanto, sempre se faz necessário consultar à vontade soberana do Senhor em tudo (Mt 6.10). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)

É perfeitamente viável e desejável que o casal cristão planeje e busque a orientação divina quanto à questão de gerar filhos. Também é claro que é condenável a decisão de não gerar filhos pela simples causa da vaidade. Quem pensa em casar, deve antes preparar-se para todo o resto que acompanha este processo: as alegrias mas também as dores, o sofrimento, as responsabilidades, etc.
Isto pressupõe uma paternidade responsável diante da lei de Deus, cujos preceitos, ética e moral devem ser conhecidos e observados. Tudo isso, pela fé, pois o que não é de fé é pecado (ver Rm 14.23). Ter filho, um após o outro, seguidamente, sem levar em conta suas implicações, pode não ser amor; e, sim, carnalidade desenfreada aliada à ignorância. O Livro Sagrado afirma que “tudo tem seu tempo determinado” (Ec 3.1). Além disso, nos é oportuna a seguinte ordem: “Examinai tudo. Retende o bem” (1 Ts 5.21). Para ter, ou não, filhos, o casal deve, acima de tudo, orar ao Senhor” (Elinaldo Renovato).
Uma família grande demais, em um mundo superpovoado, seria irresponsabilidade, assim como seria irresponsável evitar espontaneamente constituir uma família sem ter em mente o propósito de Deus para o casamento. E em alguns casos, a finalidade primordial pode ser suplantada por outras responsabilidades morais(Ética: As Decisões Morais à Luz da Bíblia. CPAD, p.132).


   CONCLUSÃO

O homem não peca pela simples limitação ou espaçamento do nascimento de seus filhos. Ele comete pecado quando suas motivações são presunçosas e utilitaristas. O cristão que consulta ao Senhor, e aceita a vontade divina na limitação do número de seus filhos, é abençoado em toda a esfera de sua família (Sl 128.1-6). Todavia, ele rejeita por completo o aborto e os meios abortivos no planejamento familiar. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)

Não encontramos nas Escrituras uma passagem sequer que nos sirva de base para a aprovação do planejamento familiar. Da mesma maneira não encontramos nenhum texto que determine um número específico de filhos para cada casal. O mandamento tanto para Adão e Eva, quanto para Noé e seus filhos de crescer, multiplicar e encher a terra, não é específico e pessoal, ou seja, não tem em perspectiva apenas o indivíduo, mas sim a humanidade como um todo (Gn 1.28; 9.1). Podemos usar como exemplo desse princípio o fato do juízo de Deus ter sido derramado sobre os construtores da torre de Babel devido ao propósito deles de não povoar a terra (Gn 11.1-8), ainda que nada seja dito a respeito deles não desejarem ter filhos. Mesmo o texto do Salmo 127 que nos mostra claramente como é importante ao homem o possuir muitos filhos, usa um símile (figura de linguagem) e não uma definição clara de quantos eles devem ser. Diante do exposto, devemos procurar deixar que a Palavra de Deus nos oriente a respeito deste tema tão importante e controverso e, uma vez orientados por Ela, busquemos a graça de Deus para que nos conformemos à Sua orientação(Rosivaldo Oliveira Sales. ‘A QUESTÃO DO PLANEJAMENTO FAMILIAR E O CONTROLE DA NATALIDADE’. Disponível em: http://pbteologil.blogspot.com.br/2012/09/a-questao-do-planejamento-familiar-e-o.html. Acesso em: 21 maio, 2018)

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Maio de 2018


   PARA REFLETIR

A respeito do tema “Ética Cristã e Planejamento Familiar”, responda:
O que é controle de natalidade?
Procedimentos de políticas demográficas com o objetivo de diminuir ou até mesmo impedir o nascimento de crianças. Tais medidas são adotadas pelos governos totalitários para refrear o aumento da população de um país.
Em que consiste o planejamento familiar?
Consiste em instituir a paternidade-maternidade responsável. Trata-se de uma decisão voluntária e sensata por parte dos pais quanto ao número de filhos que possam ter com dignidade.
O que Deus disse após criar o primeiro casal?
Após criar o primeiro casal, Deus o abençoou e disse: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 1.28).
Em relação à fertilidade, o que vemos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento?
Vemos que a fertilidade era vista como uma dádiva divina: “Eis que os filhos são herança do SENHOR e o fruto do ventre, o seu galardão” (Sl 127.3).
Segundo a lição, a ordem de Deus para “procriar” é geral ou específica? Explique.
A ordem de procriação é “geral” e não “específica”; ou seja, Deus ordenou a reprodução da raça humana, não a reprodução de cada pessoa. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)